O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) integrou, entre os dias 1 4 e 17 de outubro, a comitiva do governo federal à Índia, que foi liderada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. O objetivo da visita foi buscar oportunidades para aumentar o comércio e os investimentos entre Brasil e Índia e também aprofundar a cooperação bilateral ao longo dos cinco eixos estratégicos traçados pelos líderes brasileiro e indiano: defesa e segurança; segurança alimentar e nutricional; transição energética e mudança do clima; transformação digital e tecnologias emergentes; e parcerias industriais em áreas estratégicas.

Brasil e Índia compartilham da visão que tecnologias digitais devem ser utilizadas para transformar a vida das pessoas, com inclusão e sustentabilidade. Nesse sentido, o MGI participou ativamente das agendas de transformação digital e tecnologias emergentes durante as reuniões da comitiva brasileira no país asiático.

Uma das parcerias entre os países envolve as chamadas Infraestruturas Públicas Digitais, IPDs. No dia 30 de outubro, será assinado um acordo entre a Dataprev e o Instituto Internacional de Tecnologia da Informação de Bangalore (IIIT-B), que mantém o Centro para Sistemas Sociais Abertos (COSS, do inglês Centre for Open Societal System), para a criação de um Centro Conjunto Brasil-Índia para Infraestruturas Públicas Digitais. O espaço servirá para ampliar o alcance da transformação digital e contribuir para um melhor serviço à população. Um projeto piloto dessa parceria prevê o uso da tecnologia digital para simplificar o acesso a crédito rural para agricultores familiares.

Guilherme Almeida, diretor de programa da Secretaria Extraordinária de Transformação do Estado do MGI, afirmou que o objetivo da parceria é construir soluções digitais que causem grandes impactos favoráveis, como foi o caso do Pix e do GOV.BR , entre outras iniciativas que se caracterizam como infraestruturas públicas digitais. “Não é só uma relação de serviço direto com cidadão, cada vez mais o governo digital serve para melhorar a vida de todas as pessoas e o ecossistema de negócios”, disse.

O diretor do IIIT-Bangalore, Debabrata Das enfatizou a parceria entre os países, que vem se fortalecendo há mais de um ano, e afirmou que a colaboração Brasil-Índia pode vir a se tornar uma “usina para implementação de boas soluções” no Estado brasileiro. “Estamos dialogando sobre como uma abordagem digital pode transformar a vida de todas as pessoas quando temos uma abordagem inclusiva”, explicou.

Em julho , a ministra da gestão, Esther Dweck, participou de ato com assinatura de um Memorando de Entendimento que amplia a cooperação estratégica entre Brasil e Índia. Na ocasião, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, veio ao Brasil para encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula e Modi reafirmaram sua determinação em fortalecer a parceria estratégica entre o Brasil e a Índia e concordaram em traçar um roteiro estratégico em cinco áreas, uma das quais é a infraestrutura pública digital, IA e tecnologias emergentes.

Agenda Multilateral

Desde 2006, Brasil e Índia mantêm parceria estratégica e compartilham posições convergentes em temas centrais. A Índia é atualmente o décimo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o comércio bilateral totalizou US$ 12 bilhões, com crescimento de 24% nos cinco primeiros meses de 2025. As exportações brasileiras chegaram a US$ 5,26 bilhões, com destaque para açúcar, petróleo bruto, óleos e aviões. As importações somam US$ 6,8 bilhões, fazendo da Índia a sexta maior origem de importações para o Brasil. Dentre os investimentos indianos em nosso país destacam-se aqueles no setor de transmissão de energia, defensivos agrícolas e fabricação de veículos pesados. No sentido contrário, destacam-se investimentos brasileiros em setores como motores elétricos, terminais bancários e componentes de veículos pesados.